Arte, porque a vida por si só não deu conta dela mesma





quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

AINDA DEZEMBRO: UM BRINDE



Dezembro é pneu furado

É  um chocolate vencido

É boteco fechado
(e você sentado ainda vai beber mais cinco chopes)


Dezembro é uma foda mal dada

É o poeta que não liga

É conta de luz cortada
(e o pavio da sua única vela está que nem o seu: curto)


Dezembro é  maço de cigarro perdido

Tubo da pasta entupido

É encanamento vazado
(o ano escorrendo dentro de você pelo ralo)


Dezembro é vazio infiltrado

é coito interrompido

corpo suado
(suor escorrido logo depois do banho gelado).

Dezembro é uma mula empacada bem no meio da estrada. E a mula ali, sossegada.

Dezembro é um mês enguiçado,

É tempo largado assim meio de lado.

Dezembro é chave perdida na madrugada, a porta trancada e você lá parado (sem contar a vontade louca de fazer xixi, afinal, foram mais cinco chopes no boteco ao lado)

Dezembro é  sinal vermelho atravessando seu caminho bem no meio da sua pressa.

Dezembro é natal é um risco é um disco do Roberto Carlos.

Dezembro é um cisco que tem que aturar.

Dezembro não é dor, é incômodo.

Dezembro é uma homenagem à minha melancolia, é um brinde a (des)esperança, um afago as coisas veladas e regalo aos olhos disfarçados de cegos.

É reveillon é alegria forçada é garantia de que tudo vai mudar e

NADA

Dezembro é isso. É nada.

E janeiro a mesma coisa.

Haja chope.

E tem muito dezembro ainda pra essa poesia inventar.

- Ah! Calma! Peraí! Daqui a pouco vai dar meia noite e antes que tudo mude eu gostaria de fazer um brinde a algo muito especial que nos mantém a todos nós aqui de pé, reunidos, amorosos, generosos, amigos, esperançosos, sorridentes, resplandecentes, sorridentes: meu brinde à... ao... à...

 tim tim

Um comentário:

  1. Dezembro
    Pneu furado
    Boteco fechado
    Uma foda mal dada
    O poeta não liga
    Que a luz foi cortada
    Ascende uma vela
    Ascende um cigarro
    O corpo suado
    Melhor tomar um banho gelado
    É noite de sábado
    Mais uma semana
    E dezembro acaba
    É fim de ano
    Façamos o balanço
    De todos os danos
    O que perdemos
    O que ganhamos
    Hora de definir estratégias
    Pro próximo ano...

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